terça-feira, 9 de setembro de 2008

ESTUDANTE DIGITAL

POSSIBILIDADE DA ORALIDADE E ESCRITA NA INTERNET

Gilvania Sena da Silva

A compreensão das características que particularizam o texto escrito em meios eletrônicos certamente demanda uma reflexão sobre as diferentes maneiras pelas quais, historicamente, os avanços tecnológicos promoveram alterações na estrutura lingüística e nos modos de interação via linguagem escrita privilegiados em diferentes épocas e contextos. Em outras palavras, é necessário entendermos, de uma forma mais aprofundada, as mudanças técnicas e lingüísticas que ancoraram a construção social de diferentes tipos de cultura: a oral e a escrita. Considerando as práticas de leitura, é possível percebermos uma evolução que vai desde a dependência total na modalidade oral, que caracterizava a recepção dos textos escritos mais antigos, até uma segunda fase intermediária, na qual a recepção da escrita passa a se ancorar mais no aspecto visual do texto.
Nesse momento a escrita passa a desenvolver características próprias, uma ruptura drástica entre as práticas orais e as escritas -- mesmo se considerarmos como referência de análise os grupos letrados. Estes grupos, embora tenham passado a depender cada vez mais da escrita nas práticas cotidianas, não excluíram dessas práticas o uso da modalidade oral. Na realidade, mesmo em contextos mais formais, o que ocorreu foi uma complexa integração onde textos orais e escritos passaram a conviver de uma forma complementar e muitas vezes mista. Finalmente o contexto da era digital não só permite que a escrita ocupe espaços antes reservados para as interações orais, como também viabiliza a existência de um novo tipo de texto, o hipertexto, que é híbrido na constituição dos fatos lingüísticos, ou seja, incorpora textos escritos e orais e diferentes recursos áudio visuais: fotografia, som e vídeo.
Frente a essa propensão, trabalhar com o texto no meio digital com os recursos disponíveis na Internet significa lidar com a interatividade. Isso muda a conotação do binômio ler/escrever.
Para perceber o hipertexto em sua plenitude digital interativa, podemos observar a dinâmica dos hiperdocumentos produzidos com o conceito no wikipédia. As páginas de Internet produzidas nessa estrutura possibilitam sua completa alteração on-line, sem a necessidade de qualquer conhecimento em edição de páginas web. Com essa propriedade, acessar documentos on-line permite ao leitor a intervenção concomitante, possibilitando que o ato de ler seja simultâneo ao ato de escrever. A figura do leitor passivo, que se ocupa apenas em estar diante de um texto e sorver seu conteúdo, não encontra espaço nessa dinâmica, pois o web leitor é aquele que interage pelo processo de leitura e de escrita.
Diante dessa possibilidade, o trabalho com texto na Internet pode ser pensado e executado numa perspectiva de intervenção imediata e de construção coletiva em rede. A experiência dessa natureza de maior sucesso é, sem sombra de dúvidas, a Wikipédia, enciclopédia virtual que é produzida e atualizada constantemente por milhares de colaboradores e leitores que queiram contribuir com sua ampliação e atualização.
Mediante essa perspectiva, o professor pode também trabalhar colaborativamente com seus alunos em produções de textos em blogs educativos, podendo criar e compartilhar da aprendizagem, onde as possibilidades de texto e escrita na Internet podem ser bastante produtivas, mas para que isso ocorra, é necessário que os professores recebam capacitação para que possam tirar o melhor proveito das novas tecnologias diante da aprendizagem dos seus alunos, auxiliando-os a adquirirem mais capacidade de análise e argumentação, evitando o simples copiar e colar, sem ao menos realizarem uma leitura do texto.


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A compreensão leitora e a ação docente na produção de texto para EAD



A compreensão leitora e a ação docente na produção do texto para o ensino a distância
Wilsa Maria Ramos
Universidade de Brasília


A COMPREENSÃO LEITORA

RESUMO: O ensaio aborda questões teóricas e práticas implicadas na elaboração de textos para o ensino a distância. Enfoca os temas sobre a compreensão leitora, a compreensibilidade do texto e a elaboração de materiais impressos. Discute as possibilidades de melhorar a compreensão leitora a partir de intervenções no texto usando alguns recursos. Prioriza a discussão de dois recursos textuais mais polêmicos: os objetivos de aprendizagem e a simplificação. Tem por objetivo alertar os docentes autores de material impresso sobre as possíveis formas de aplicação desses recursos e suas implicações pedagógicas para o processo de aprendizagem. Conclui que os autores devem se beneficiar das descobertas e resultados das pesquisas da psicologia da aprendizagem a partir de textos para aprimorar o árduo trabalho de redação.

Disponível em :http://rle.ucpel.tche.br/php/edicoes/v9n1/wilsa_ramos.pdf

terça-feira, 2 de setembro de 2008

ESPERANÇA

Esperança
Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinasTodos os reco-recos tocaremAtira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...